DEUS É MAIS.

Hoje é dia de uma das maiores tradições baianas. E não estamos falando da lavagem de Itapuã ou do Rio Vermelho, nem do carnaval ou do São João. Estamos falando do Dia do Comerciário no SESC de Piatã. Dia em que cerca de 8 mil pessoas leavam seus filhos, sobrinhos, primos e agragados para tomarem banho de piscina. Uma espécie de filial aquática do inferno. Não que o clube não seja bom, ele o é, mas no dia do comerciário, o local fica parecendo uma agência da Caixa Econômica Federal em final de mês.

Para garantir sua entrada, o comerciário vai com toda a família e agragados para a fila, por volta das 4:30 da manhã. Às 8 horas, a fila já está chegando em Itapuã.

E porque estamos falando especificamente da piscina? Porque é coisa pra estudo. E não estamos nos referindo a piscina dos adultos e sim a das crianças.

É tanto guri na piscina que eles são colocados e retirados da água como garrafas de cerveja no engradado. Você levanta a mão e puxa seu filho.

Na água se encontra de tudo, desde bóias, asas de frango, vestígios de farofa, manchas de óleo causadas por protetores solares baratos ou bronzeadores caseiros feitos com Coca-Cola e Maizena a partes de biquinis, patos de borracha sem um olho, bonecas Barbie sem cabelo, capa de cd, papel de embrulhar acarajé e etc...

Nos quinze primeiros minutos, a piscina ainda mantém suas características de balneabilidade e limpeza da água. Depois da primeira hora, a cor que era verde vai tomando um tom acajú. Depois de duas horas, não se enxerga mais o fundo. No meio do dia, a água está tão densa que nem balança mais. No final do dia, os bombeiros resgatam os últimos corpos de crianças no fundo do pântano. E técnicos do IBAMA encaminham os jacarés e sapos encontrados para seu habitat natural. A água é bombeada pelos caminhões da Petrobrás, levada para ser tratada na refinaria Landulfo Alves e transformada em betume e matéria prima para fazer asfalto.

E tudo isso com a praia do outro lado da rua.