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Seu” Jairo tentava, a todo custo, fazer com que seu netinho, ainda no colo, tirasse uma foto com algum jogador da seleção brasileira de futebol, que está hospedada em Recife (PE). Pediu para policiais, seguranças, funcionários e chegou até a abordar alguns hóspedes para ver se conseguiria, ao menos, passar para o saguão do hotel.
Em vão. O esquema de segurança era mesmo implacável.
Mas “Seu” Jairo não desistiu. Ficou ali, horas em pé atrás das grades de proteção, pacientemente, aturando as meninas que gritavam por Kaká, só observando a movimentação ao redor do ônibus da CBF. Viu quem entrava, quem saía, por onde passavam as pessoas credenciadas e percebeu que um segurança em especial era quem organizava o entra-e-sai por ali.
Passou, então, a tentar ler os lábios que quem falava com aquele homem que mais parecia um armário de terno e gravata. Tudo para tentar arrancar um nome. Tudo para tentar realizar um sonho.
Àquela altura, o contraste de um senhor de idade e seu neto no meio de uma pequena multidão de jovens cheios de energia já comovia os jornalistas por perto. Mas antes que alguém pudesse interceder por “Seu” Jairo, ele entregou o neto para uma desconhecida ao lado, subiu na grade e, com um sotaque pra lá de pernambucano gritou:
- “Afrânio!”
Ninguém entendeu nada. E pior: o tal segurança nem se mexeu. Apesar disso, ele continuou:
- “Afrââââânio!”
Nada.
- “Afrââââânioooooo!”
Diante da insistência, o segurança virou-se para ver do que se tratava. Quando percebeu que aquele senhor apontava para ele, perguntou:
- “É comigo?”- “É sim, Afrânio!”- “Meu nome não é Afrânio.”- “Não? E é o quê?”- “É Francis.”- “Ixi! Que nem aquele avião que caiu, é?”
“Seu” Jairo não conseguiu a foto que queria, mas arrancou gargalhadas que há muito não se ouviam tão perto do Atlântico.

By Kibeloco.