Se você conseguir fazer todo o ritual profano da lavagem do Bomfim e não morrer no final do dia, você é um baiano autêntico. Mas para conseguir este título, você tem que passar pelo batismo inicial. Você chega logo de manhã no Mercado Modelo ou imediações da Igreja da Conceição da Praia e encara uma feijoada com direito a tudo, carne seca, do sol, de boi, de fumeiro e calabresa, tudo isso regado por uma gelosa daquelas que desce arrepiando a espinha.
Devidamente batizado, o cortejo sai e você vai atrás, intercalando goladas de cerveja com outras bebidas encontradas no caminho. Pra forrar (ou ferrar) o estômago, você encontra de churrasco de gato, a pipoca. Pra beber, mais cerveja, Ice e até mijo de rato.
Se você ainda estiver vivo, chegando na Baixa do Bomfim é que a putaria está formada. Dezenas de barracas, tabuleiros, bancas e caixas de isopor, num raio de 4 quilômetros, servem toda a sorte de comidas e bebidas. Para dançar, caixas enormes jogam no ar toneladas de decibéis de pagode, arrocha, axé e todo tipo de música. Todas de uma vez só. Não tente falar ao celular, nem pensar. Você não irá conseguir.
Depois disso, se você está vivo? Parabéns.