Salvador é uma cidade cheia de locais onde se pode juntar comidinha boa, preço baixo, bate papo, uma paisagem maravilhosa e um bom atendimento. Claro que com uma cervejinha bem gelada ou uma roska refrescante pra acompanhar. E claro que um destes lugares não é o Estaleiro, na Ribeira. Na verdade, o estaleiro fica nos fundos da igreja do Bonfim, descendo um ladeirão. A parte boa fica por conta da vista que é ótima, o mar é um convite à um banho refrescante. E só.
O atendimento é uma bosta. Os garçons são mal vestidos, alguns com aquelas camisas de candidatos a vereador das eleições de 98. As mesas normalmente estão molhadas, senão sujas com restos das refeições das pessoas que estavam sentados antes de você e que foram embora.
A cerveja invariavelmente vem meio quente e em dias de maior movimento, faltam copos de vidro e eles servem em copos de plástico. Olhe antes se o seu copo de vidro não veio sujo.
O pirão de aimpim com carne do sol, que é a especialidade do local é coisa pra estudo. Vem numa vasilha, um prato daqueles de botar macumba (sério), com uma pasta amarelada, algumas vezes salgada, outras vezes sem gosto de nada. Junto vem alguns pedaços de carne que infelizmente ainda não conseguir identificar o bicho. Dizem que é carne do sol. Eu fico na dúvida entre carne de jumento ou de pterodáctilo. E claro, cheia de nervos. Acompanhando essa bargarça, tomates cortados em cubos (feito naquelas máquinas em que você coloca o tomate inteiro em pé, puxa uma alavanca pra baixo e o tomate desce por uma tela amolada). E verdes. Sempre verdes. Não sei porque o tomate no estaleiro nunca amadurece.
No largo. Carros potentes com suas malas abarrotadas de alto falantes e cornetas e módulos, despejam de uma vez só, os maiores sucessos do pagode, do arrocha, do axé e do forró, todos de vez.
Depois de se injuriar com essa porra toda, você se reta e vai embora. Ou melhor tenta. Os garçons depois que te servem o grude, somem. E não adianta chamar o do lado, o garçon de sua mesa só atende sua mesa, mais ninguém.
E ainda tem a cara de pau de te obrigar a pagar os 10%. Você tem que chiar muito pra conseguir sair sem pagar os 10%. Claro que após a chegada da conta, confira, porque às vezes aparece uma cerveja a mais, uma roska que ninguém bebeu, ou um pirão cobrado a mais. Todo mundo erra. Mas sempre pra mais? Nunca pra menos.
Mas como você está nos pés do Bonfim, basta passar lá e pedir perdão por ter se metido naquela furada.